Aqui dentro de mim parece que a neve começou a cair.
Quanto tempo que nada me emociona. Nem os problemas, nem as alegrias fazem meu coração palpitar.
As borboletas fugiram de dentro de mim. Não sei quando e nem o porquê, mas confesso que o mesmo medo que as afastou de mim deseja que elas, as borboletas, possam voltar.
Sei que não sou nada pra julgar o coração alheio que se desmancha, que não se reinventa com facilidade, não sou ninguém para desenhar os sentimentos que percorrem na alma de quem está apaixonado. Mas saiba que eu já fui ferido, que já fui deixado, já implorei, já chorei, um dia, também me vi imóvel diante da energia que move a paixão. Eu que já fui cego, inseguro, imaturo, inconsequente e tudo mais me sinto com direito de dar palpite na relação dos outros, porém meus dramas e romances foram tão singulares que nada poderiam ajudar. Aquela velha filosofia de que o que serve pra mim, efeito nenhum terá sobre o outro, teimosos que somos insistimos em achar que já possuímos algum conhecimento sobre a paixão. É fácil julgar uma tela que não foi pintada por nós, difícil encontrar a real essência e profundidade da arte de apaixonar-se por pintar.
Eu
aqui cheio de frases de efeito e racionalidade pra falar
de um assunto que exige nada mais, nada menos do que a entrega. É muito
difícil
alguém que se ama muito, amar outra pessoa, pois o amor exige uma doação
que quem tem um grau elevado de amor-próprio não consegue oferecer, o
complicado
é encontrar um limite entre doar-se e esquecer-se, pode a paixão nos
levar a
loucura, ao ódio, a magoa, a felicidade extrema, ao êxtase, mas nunca
nos deixará ao nada. Ela jamais passará sem deixar
uma história intensa e fugaz dentro de nós. Suspeito apenas estar
adormecido diante do caos que é a paixão, mas já morei debaixo dos
escombros da primavera.
Nada podemos
fazer e se pudéssemos também
nada faríamos, porque somos uma correnteza e existem coisas que estão
além de
nossa experiência e sabedoria. Não há reza, nem tempo preciso, não há
receita,
o que há é a esperança de que no inevitável fim possamos sair ilesos
suficientemente
para estarmos prontos para outra estação. Entre o Inverno e a Paixão, um
quê de solidão pra me curar desse frio, desse ar sombrio que é não
sentir.
leia a resposta a este texto >>>> Equinócio
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